sábado, 5 de maio de 2007

O Capeta que se cuide!

Morreu no dia 29 de Abril, o magnata Octávio Frias de Oliveira. Frias foi o dono do monopólio do grupo Folha.
Dizem as más língüas que, recém chegado ao inferno, Frias já encontrou o seu amigo Roberto Marinho, ex-dono do grupo Globo.
Os dois discutem um imenso projeto para manipular os meios de comunicação do inferno.

O Capeta que se cuide!


A seguir mais infiormações sobre a verdadeira história de Frias e do grupo Folha. Um e-mail do jornalista Hamilton Octavio de Souza.


Companheiros (as),

Saudações.

Apenas para não deixar que a história seja reescrita conforme os interesses dos poderosos.

1) Otávio Frias de Oliveira comprou o grupo Folha da Manhã, em 1962, junto com Carlos Caldeira (que era um verdadeiro gangster), depois que o antigo proprietário tinha sido estrangulado financeiramente pelos agiotas. Foi um negócio de grande oportunismo e típico de aproveitadores e aves de rapina. Ambos eram donos da antiga rodoviária de São Paulo, um verdadeiro caça-níquel.

2) Durante a Ditadura Militar, a partir de 1964, o grupo Folha passou a apoiar integralmente o regime. Depois do golpe dentro do golpe, em 1968, o jornal passou a colaborar com a repressão aos movimentos operários, estudantis e às organizações que entraram para a luta armada. Os carros da Folha eram usados por policiais e arapongas. Otávio Frias entregou o jornal Folha da Tarde para os policiais da repressão; durante anos o jornal abrigou policiais, informantes, dedos-duros; e serviu para divulgar os "ATROPELAMENTOS" de militantes das esquerdas mortos sob tortura.

3) A contrapartida da Folha foi receber subsídios do governo, isenções de impostos de importação e financiamentos para modernizar o parque gráfico.

4) A Folha de S. Paulo foi tão fiel à ditadura que jamais teve censores em suas redações e gráficas, como em outros jornais e revistas. A autocensura do jornal atendia perfeitamente os interesses da ditadura. O apoio da Ditadura ao grupo Folha fazia sentido porque o Estadão, da família Mesquita, desde o AI-5 (1968), tinha decidido fazer oposição ao regime, e a Ditadura queria fortalecer em São Paulo um jornal concorrente e submisso.

5) A campanha das diretas foi uma iniciativa do PT, em 1983. Tanto é que o partido organizou um grande comício no Pacaembu, em outubro de 1983, para o qual foram convidados inúmeros movimentos sociais e organizações políticas. Vários partidos existentes na época (PMDB, PTB e PDT) mandaram representantes para esse comício. Logo depois, os jornalistas da Folha de S. Paulo escreveram um documento (abaixo-assinado) apoiando a luta pelas diretas e praticamente toda a redação do jornal havia assinado o documento. Esse abaixo-assinado foi levado ao dono do jornal, Otávio Frias, que concordou em abrir as páginas do jornal para a campanha, publicou editorial apoiando a defesa da emenda Dante de Oliveira, que seria votada no Congresso Nacional. Na verdade, quando a Folha entrou na campanha, ela já estava nas ruas, e foi por pressão da redação. O jornal transformou a campanha das diretas no seu próprio marketing para aumentar vendas e se tornar o porta-voz da "sociedade civil" empenhada na democratização do País.

6) É muito estranho que o atual presidente da República, que conhece bem essa história toda, tenha declarado no velório do empresário Otávio Frias que a campanha das diretas não teria existido sem ele. Ou o presidente da República está sofrendo de amnésia ou está querendo atribuir aos poderosos (empresários, elites etc) a glória de uma luta que pertence ao povo brasileiro.

Conclamo os companheiros e companheiras a não aceitar que a história seja distorcida. Vamos preservar a memória das lutas dos trabalhadores e das esquerdas.

Hamilton Octavio de Souza
Jornalista, professor de jornalismo e ex-funcionário da Folha de S. Paulo de 1983 a 1986.

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei seu bloguinho, Tato!

Beijo da prima*

Unknown disse...

Não pare de postar, que a gente precisa mesmo de bons blogs jornalísticos!!!